25 de janeiro de 2013

Economia voltando com tudo em 2013!?

Gosto muito de economia. Ela não é uma ciência exata, não tem lógica, depende das emoções humanas, ou seja, é como jogar dados. Não adianta estar tudo bem, todo mundo cheio de dinheiro, uma empresa ser espetacular, se quem toma a decisão decidiu vender por que está com medo, ou se vislumbrou uma melhor oportunidade, o ativo vai cair no curto prazo, mesmo a empresa sendo boa.

Mas eu tenho notado algo diferente em 2013. Tenho humildemente percebido muitos negócios acontecendo e muitas oportunidades surgindo. Isso é portanto minha percepção pessoal. Eu nunca vi o mercado tão quente, mas também não sou tão velho assim...

Além do Mercado estar fervendo, o índice do medo nunca esteve tão baixo desde 2008. Pouco medo faz as pessoas abrirem a mão e investir.
VIX - O "Índice do medo"

Outra coisa muito importante: Investidores estrangeiros estão comprando tudo, e as pessoas físicas (CPFs) estão saindo da bolsa. Historicamente é comum ver pessoas físicas sempre indo na contra-mão quando se fala de investimentos.

Fluxo do Bovespa por tipo de investidor

Ao mesmo tempo que isso ocorre, o número de aplicação em Poupança bateu recorde. Bom para os bancos que conseguem dinheiro muito mais barato para investir. Ou seja, pessoas físicas caindo fora da bolsa.

Notícia: Captação da Poupança bate recorde histórico.

Como economia não há lógica, ninguém sabe o que pode acontecer. Mas eu acho que as coisas vão voltar a ficar boas para nós em 2013. 
A Espanha bateu recorde de desemprego novamente em Janeiro/2013, mas mesmo assim as ações continuaram a subir. O mercado já caiu tanto que os preços já podem ter sido descontados.

Sempre tentamos adivinhar o futuro e as chances de perder dinheiro com isso são grandes. Não tem como garantir a decisão dos indivíduos coletivamente. O mercado possui o próprio caos em sua plenitude, mas o caos nas oscilações, pois o mercado é organizado, é claro.

Já que não podemos adivinhar o futuro, o jeito é seguir trabalhando e sempre investindo em empresas boas que respeitam os pequenos investidores, aliás, estando o mercado ruim ou não essa deve ser sempre a estratégia, e em tempos de crise, quando as pessoas estiverem se desfazendo de seus patrimônios valiosos com uma velocidade maior que outras conseguem comprar, é sua chance, pois economia acontece em ondas, e não tente surfar (especular) se você não está disposto a nadar quando cair.

3 de janeiro de 2013

É fácil olhar pelo retrovisor


Outro bom artigo do Stephen Kanitz. É muito fácil olhar pelo retrovisor, falar do passado, criticar erros e etc. Quero ver ter coragem para andar onde ninguém andou.

Jornalismo do Deboche

Muitos leitores perguntam por que nunca escrevo artigos ridicularizando George W. Bush, desancando o governo PT ou ridicularizando as bobagens ditas por algum de nossos governantes. 

Não faço este tipo de colunismo porque é ilimitada a quantidade de bobagens feitas por seres humanos. Estaríamos destruindo todo o papel do planeta se comentássemos cada besteira feita. Depois, o tempo do leitor é curto, um jornalismo construtivo deveria também divulgar possíveis soluções e não ficar somente na crítica dos erros dos outros. 

Leitores são presas fáceis desta forma de crítica jornalística, porque ela insinua equivocadamente que somos superiores aos nossos semelhantes, governantes e amigos. 

Noventa por cento das nossas conversas é para se comentar gafes e fracassos dos amigos, nunca suas conquistas e realizações, por isto nunca sou o primeiro a sair de uma festa de amigos. 

O jornalista do deboche sabe que o sucesso do outro incomoda, e se aproveita disto. O jornalismo do deboche não somente mostra que somos supostamente mais inteligentes do que os que estão no poder, mas tem uma outra coisa “freudianamente” muito importante: mostra que o colunista é mais inteligente do que todos nós juntos. 

Não pelas suas idéias originais, critério único para se medir inteligência, mas pela burrice dos outros que o jornalismo do deboche tem o prazer de desancar. Como o debochador sempre trata do passado, quando os erros já são óbvios e evidentes, ele tem sempre a vantagem da onisciência, algo que o governante não teve na hora da sua decisão.

Não faço referência àqueles que escrevem uma crítica de forma construtiva, precisamos ser informados das mazelas e erros do governo. Um artigo debochado de vez em quando nos faz rir e permite agüentar o fardo da incompetência alheia. Mas muitos fazem do deboche a sua especialidade, sua razão de ser. 

O jornalismo deve criticar e ao mesmo tempo propor soluções para serem discutidas, inclusive correr o risco de ver a idéia debochada. Só que aí, o artigo teria de ser inovador, competente, criativo, sensato, conciliador, persuasivo e corajoso. A crítica barata é muito mais fácil do que a análise profunda. A análise requer pesquisa, números e estatísticas, o deboche só precisa de uma língua afiada.

Se você adora o jornalismo do deboche, porque ele é engraçado, lembre-se que você está rindo de si mesmo, e embora autocrítica e umas risadas sejam sadias, limitar-se a isto é dar um tiro no pé. O Brasil está diariamente dando tiros no pé, e achando graça.

Num congresso de estudantes colocaram-me para falar em penúltimo lugar, e o encerramento foi feito por um profissional do deboche. Ele simplesmente destruiu o meu discurso otimista anterior, dizendo que o Brasil jamais daria certo, de que estávamos condenados pelo gene do patrimonialismo português, que o fracasso estava no nosso sangue, e assim por diante. Para a minha grande surpresa, a platéia simplesmente adorou. Riam a valer, e no final aplaudiram de pé. Inacreditável para mim!

Se um grande intelectual prevê que o Brasil jamais dará certo, não precisamos nos esforçar. Pode-se justificar o nosso fracasso pessoal, nossa mediocridade individual, como sendo inevitável, é nosso destino. “Não preciso melhorar, a culpa não é minha, a culpa é do Brasil, a culpa é dos portugueses”.

Muitos de nossos intelectuais jogam para a platéia, curvando-se à força do mercado, um discurso de que jamais daremos certo, quando a função do intelectual seria justamente mostrar as soluções, mostrar o caminho, mostrar o que nós pobres mortais não vemos. 

Onde estão os poetas que antes nos inspiravam e motivavam, onde estão os filósofos que nos mostravam a essência do que está ocorrendo, onde estão os padres com seus sermões edificantes, onde estão os visionários que nos mostravam o caminho? Eles estão presentes como sempre estiveram, mas hoje estão sem platéia, porque o jovem brasileiro está encantado com o discurso do deboche, é sempre mais fácil culpar os outros.

O jornalismo do deboche é um fenômeno mundial, atingiu até o New York Times. Se acabou acreditando que você é mais competente que Lula, FHC ou Bush, consulte um especialista. 

O mundo não é tão simples nem tão ridículo quando lhe fizeram imaginar. Graças a Deus!


Stephen Kanitz

Fonte: http://www.kanitz.com/impublicaveis/jornalismo_do_deboche.asp